quinta-feira, 5 de abril de 2012

Crueldade

Caíram todos na armadilha
dos homens postados
à esquina

E de repente
no bairro acabou o baile
e as faces endureceram na noite

Todos perguntam por que foram presos
ninguém o sabe
e todos o sabem a final

E ficou silêncio
dum óbito sem gritos
que as mulheres agora choram

Em corações alarmados
segredam místicas razões

Da cidade iluminada
vêm gargalhadas
numa displicência cruel

Para banalizar um acontecimento
quotidiano
vindo no silêncio da noite
do musseque Sambizanga
- um bairro de pretos!

Por Agostinho Neto, poeta e revolucionário angolano.


Hoje pela primeira vez posto aqui um texto que não é meu, mas achei muito válido.

quarta-feira, 20 de abril de 2011

O futebol, minha religião

Hoje é dia de missã
ôôôôôôôôôôôô!
De igreja em igreja
O vinho passa
De mão em mão

Na hora marcada
Tudo em vermelho
Todos bem vestidos
Bola ao centro
Estamos acertados

Em prova o sermão
De nosso representante
frente nossos guardiões

As lembranças dos herois da história
A tanto tempo repassadas
Estamos em boas mãos

Estes agora com as mesmas vestimentas
Quem a produz não faz muita diferença

Mantemos a chama acesa
Choramos por essa paixão
Sorrimos ao lembrar dos bons

O nosso grito abafa os contrários
A paixão jamais nos deixará viver
em paz longe de ti.

Fim da batalha
Ainda não recebemos os pontos

A quem condene por antecipação
Mas só quem viver verá esse fim

Seguimos as ultimas re flexões
Metaforas de lá, apostas de cá

Quem melhor souber utilizar
Da boa conversa amiga
Levará os pontos para melhor usar
Na sua campanha da vida

Pra quem não acertou
a oratória do bando
Domingo que vem tem mais
e na proxima guerra nosso discurso não mudará

Porque futebol é minha religião
O Inter meu credo
O Beira-rio o meu templo.

Por Pedro Palaoro

sexta-feira, 18 de março de 2011

A Consciência

Você sabe quando tem vontade
Você sabe quando tem capacidade
Você sabe quando não se tem oportunidade
se deixa de ser o que se realmente é

eu não tenho maus antecedentes
eu não tenho más indicações
eu não tenho mais explicações

Sou amigo de tantos
Sou parceiro de tantos outros
Sou tão ruim quantos todos

Aquilo que não me faz dormir
Aquilo que não me faz sorrir
Aquilo que não me deixa pensar
não deixa de ser o porque.

Sou tão honesto
Sou tão pagão
Sou tão efêmero
e tão ficcional o quanto se quiser.

A fase de quem quiser
A fase de quem puder
A fase de quem estiver
disposto

Me assemelha
Me capacita
Só me deixa mais louco

E se você viu
E se você não viu
E se você fugiu
não me fez menos triste

Por saber que tudo isso sempre é passageiro
a cada 3 meses.

por Pedro Palaoro

quinta-feira, 27 de janeiro de 2011

O furacão

Ah e como é duro a responsabilidade de conviver a só!
Viver do que se quer e
poder rir disso

Fazer do dia a sua batalha
e da hora
o seu presente

O horizonte é nublado
todos espantados
as mulheres em prantos
as crianças em choque

As trovoadas amedrontam
os deuses sem piedade
o mar revolto

Facas em punho
mordaças apertadas
animais grunindo

Mesmo que a terra de todos fosse igual
a colheita nunca foi a mesma

Mas...
ao dogma verde você
se submeteu

Afinal, não teve coragem
de dizer
Tenho medo...
da tempestade.

por Pedro Palaoro

terça-feira, 24 de agosto de 2010

Um horizonte por dia

Se dizer "a cada dia eu supero meus limites" parece uma frase forte

Mais densa é a forma como posso descrever essa sina de a cada oportunidade me reinventar

Me tornar novo, mas sem perder meus princípios, e toda manha olhar para frente de novo

Se não fosse o idealismo e a arte hoje eu não seria... aquilo que pode me representar

Aprender a ver a luz com outro olhar, e a escuridão com um terceiro. afinal o que ela esconde?

Ser curioso ajuda e muito a não desanimar, a não olhar os passos desenhados no passado e se sentir cansado

E como é difícil descobrir o interessante! Mas ao mesmo tempo é fantástico e recompensador

Dessa mistura reaparece o grito voraz, não se calou quando o azedume era tão próximo, porque enfraqueceria por quem você vê sozinho?

Em 23 anos eu não aceitei o marasmo como justificativa para a falta de horizonte

E como quem nos impõe, engana e esconde as verdades não notou por quem pode ser dominado é porque por muito tempo que ele não vai durar.

por Pedro Palaoro

quinta-feira, 18 de março de 2010

Verbalizar

No dia em que se encontra o futuro
O passado se foi
O presente se aglutina
O futuro do preterito se perderia
Se não fosse a sua falta de iniciativa

Cruzar o dilúvio com água pelas canelas é um alívio
Ele te afogava
E mais nada você vê
Tudo seria imcompreensivel
Se não fosse tempo.


por Pedro Palaoro

quarta-feira, 15 de abril de 2009

Desse modo

No limite tênue entre a intolerância e o medo
Entre a razão e a discussão
Entre o silêncio e o acorde
Entre o grito e o suspiro

Pelo viés da lucidez
Uma loucura incontrolável
A naturalidade de viver
Um momento ao vento

Tranquilamente pensando
Sem perder o foco
Uma idéia na cabeça
Um caminho a ser percorrido

Passos guias
Placas escondidas
Pessoas amigas
De um bom caminho sozinho

Sou mais do que tudo
Sou meio-termo
Sou mais do que o resto
Sou tudo o que o resto pode ser
Mas que não quer ser

O mais do mesmo
A virgula da frase
Nada que realmente faça resistencia

Maleável até ao ponto de não retomar sua forma
Flutuante como um isopor
Adaptável como um camaleão
Bem armado como o porco espinho
Bem humorado como um sapo soluçante

Bem coberto como um mendigo que se protege do frio
Esbanjado classe como um xeque árabe

Não sei viver sem apreciar
Sem manter o nível em seu ponto exato
Abaixo do cachorro
Acima do presidente do mundo

Em seu meio-termo




Por Pedro Palaoro