quinta-feira, 5 de abril de 2012

Crueldade

Caíram todos na armadilha
dos homens postados
à esquina

E de repente
no bairro acabou o baile
e as faces endureceram na noite

Todos perguntam por que foram presos
ninguém o sabe
e todos o sabem a final

E ficou silêncio
dum óbito sem gritos
que as mulheres agora choram

Em corações alarmados
segredam místicas razões

Da cidade iluminada
vêm gargalhadas
numa displicência cruel

Para banalizar um acontecimento
quotidiano
vindo no silêncio da noite
do musseque Sambizanga
- um bairro de pretos!

Por Agostinho Neto, poeta e revolucionário angolano.


Hoje pela primeira vez posto aqui um texto que não é meu, mas achei muito válido.